Advertisement
Explicitamente concebida e anunciada como um binómio, a rubrica “Histórias do Cinema” propõe, de um lado, um investigador ou especialista em cinema; de outro, um autor ou um tema histórico abordado pelo primeiro ao longo de cinco finais de tarde e em torno de cinco filmes, cujas projeções são antecedidas e sucedidas de apresentações e conversas sobre o autor ou o tema em causa, numa sequência de encontros pensados como experiência cumulativa. Para a edição de abril das “Histórias do Cinema” convidámos o historiador e programador de cinema Federico Rossin a apresentar aquela que é a mostra mais extensa que a Cinemateca dedica ao cineasta italiano Vittorio De Seta, depois de, em 2013, lhe ter dedicado três sessões no âmbito do Ciclo “Tesouros de Bolonha”.
Sessões-conferência | As intervenções de Federico Rossin serão feitas em inglês sem tradução simultânea
Segunda-feira [14] 18h30 | Sala Luís de Pina
Il Mondo Perduto (Sicília e Calabria)
LU TEMPU DI LI PISCI SPATA / ISOLE DI FUOCO / SURFARARA / PASQUA IN SICILIA / CONTADINI DEL MARE / PARABOLA D’ORO
PESCHERECCI / I DIMENTICATI, filmes de Vittorio de Seta
Em 1954, quando a disputa e a prática do neorrealismo já estavam em declínio, estreou-se um documentarista, Vittorio De Seta, que decidiu lidar diretamente com a realidade. A sua escolha foi radical e única no panorama europeu: fazer filmes sem qualquer narração ou recurso a trechos musicais, rodados com som direto, construído a partir de imagens provenientes de uma exploração muitas vezes fisicamente exaustiva dos locais da Sicília, Sardenha e Calábria que queria documentar. A beleza épica e quase sagrada dos seus dez documentários (1955-
1958) surgiu após um trabalho de campo profundo e árduo, e corresponde ao processo de decantação de uma realidade inicialmente captada na sua natureza magmática. São filmes que resultam da consciência que De Seta tinha de que o que estava a ser filmado era um mundo em perigo de extinção, um mundo perdido hoje. A apresentar em cópias digitais.
Terça-feira [15] 18h30 | Sala Luís de Pina
Il Mondo Perduto (Sardenha)
PASTORI AD ORGOSOLO / UN GIORNO IN BARBAGIA /
BANDITI A ORGOSOLO, filmes de Vittorio De Seta
BANDITI A ORGOSOLO foi filmado na Barbagia, no coração da Sardenha, no início da década de 1960. Trata-se de um filme cuja rodagem se afastou muito das formas tradicionais de produção: De Seta trabalhou com uma equipa muito pequena e com
atores não profissionais. Depois de ter feito dois documentários na Sardenha, em 1958, De Seta regressou à ilha mais com um sentimento do que com uma ideia precisa. Não tinha um argumento completo e escreveu-o no local, adaptando-se à realidade, explorando os acontecimentos e trabalhando com os atores. De Seta faz um filme de ficção sem, no entanto, alterar a sua prática documental. Ele reduz a história ao osso: uma investigação sobre o homem revoltado, rejeitando qualquer esteticismo e encontrando o seu próprio caminho feito de imagens arcaicas e puras. Uma balada popular que é também uma canção política impiedosa, dirigida aos últimos homens desta terra.
Quarta-feira [16] 18h30 | Sala Luís de Pina
UN UOMO A METÀ, de Vittorio De Seta
Michele, um jornalista, acaba de sofrer um colapso nervoso que o levou a ser hospitalizado. A partir desse momento de choque, começa a repensar a sua difícil relação com os outros... Rodado por Vittorio De Seta em 1966, de novo sem um argumento escrito, após uma crise psíquica sofrida pelo próprio, o filme é dedicado ao psicanalista junguiano Ernst Bernhard, que acompanhava o realizador desde 1958. UN UOMO A METÀ é uma
espécie de longa sessão de terapia, através dos devaneios, memórias e medos de um homem psicologicamente ferido. De Seta encontra uma solução muito pessoal para descrever o processo de elaboração analítica: a estrutura do filme é construída em correspondência com a progressão do trabalho de introspeção do protagonista. Filme fundamental para o entendimento da obra de De Seta, UN UOMO A METÀ é o seu
documentário sobre o mundo visto de dentro. Primeira apresentação na Cinemateca, a apresentar em cópia digital.
Quinta-feira [17] 17h00 | Sala Luís de Pina
DIARIO DI UN MAESTRO 1-2, de Vittorio De Seta
Em 1971, De Seta começou a filmar DIARIO DI UN MAESTRO numa escola dos arredores de Roma, com os alunos - na sua maioria filhos de famílias de imigrantes - a fazerem de si próprios e um ator do sul de Itália, Bruno Cirino, a fazer de professor (maestro). As filmagens duraram quatro meses: as cenas foram improvisadas pelos adolescentes e pelo professor com base numa ficção escrita dia a dia por De Seta e Francesco Tonucci, o conselheiro pedagógico. As filmagens decorreram dentro e fora da sala de aula, nos terrenos baldios circundantes e nos locais de trabalho dos alunos, alguns dos quais tinham abandonado a escola no início do filme.
Quinta-feira [17] 21h00 | Sala Luís de Pina
DIARIO DI UN MAESTRO 3-4, de Vittorio De Seta
Testemunhamos a invenção coletiva de uma escola alternativa e experimental que, seguindo os preceitos da escola nova (herdados nomeadamente de Célestin Freinet, pedagogo e
reformador educativo francês), envolve a vida, a história e a cultura dos próprios alunos proletários. O filme acabado reflete o próprio processo da obra, que é uma invenção pedagógica, cinematográfica e política permanente. “A ideia fundamental”, disse De Seta, "não era fazer um filme; na realidade, fizemos uma escola e filmámo-la." Um dos maiores filmes italianos, ainda desconhecido no estrangeiro, que se exibe pela primeira vez em
Portugal na sua versão completa, composta por quatro episódios de cerca de uma hora. A apresentar em cópias digitais.
📰 Saiba mais no website: https://www.cinemateca.pt/programacao.aspx?ciclo=1891
Advertisement
Event Venue & Nearby Stays
Rua Barata Salgueiro, 39, 1269-059 Lisbon, Portugal, Rua Barata Salgueiro 39, 1250-042 Lisboa, Portugal,Lisbon, Portugal
Tickets