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Há lugares que após o seu desaparecimento físico continuarão a marcar um imaginário e uma paisagem. O Lounge é um dos pouquíssimos que pode ostentar tal estatuto. Um espaço aberto, onde a música é essência, é vontade comum e discurso político coerente e sentido. Marcou-nos e marca-nos enquanto espectadores e como organizadores de concertos. Em ambas as condições muito menos vezes do que aquelas que gostaríamos, mas ao Lounge regressamos com a mesma vontade inicial – apresentar bandas com as quais nos identificamos e em que podemos acrescentar um pequeníssimo ponto em desenho maior. Nunca será um adeus. O espírito e a força das pessoas que construíram, ao longo destes 25 anos, permanecerá.FALA MARIAM 3
Fala Mariam - trombone alto
Bruno Silva - guitarra eléctrica
Seu Barradas - pequena percussão
Este trio, sob direcção de Fala Mariam, pratica uma música instrumental do jazz, de cariz ritualista, em ascendida fusão triangular.
Fala Mariam / natural de Lisboa. Alguma formação académica não lhe suscitou interesse pela criação musical. Em 1980, durante uma viagem pelo norte da Índia, intuiu o fogo sagrado da verdadeira música, que reencontra no jazz mais iniciático e na gratificante descoberta de diversos trombonistas. “Sideman” de Sei Miguel desde 83, participou em todos os trabalhos deste, e ocasionalmente tocou com Manuel Mota, Rafael Toral, Telectu, Blaise Siwula, Joe Morris, Dave Burrell, Adriana Sá, Aki Onda, o Red Trio com John Butcher, e, recentemente, Daniel Levin (disco na Hat Hut, ainda com Sei Miguel). Cultora de uma frase sem brilhos fáceis, capaz do expressionismo mas também de surpreendente doçura, Fala Mariam é já uma referência nos actuais desenvolvimentos do dialecto free bop; “… the austere, full-bodied sound of Mariam’s trombone, between textural abstraction and clearly defined tonal excursions” (Nicola Negri / The Free Jazz Collective, December 2016).
Bruno Silva / oriundo de Leiria, vive desde 2009 em Lisboa. Sua actividade musical conta quinze anos de colaborações e trabalhos a solo, num âmbito que vai da modulação hipnótica à improvisação dita livre, da colagem onírica às batidas espectrais em encarnações como Ondness ou Serpente; enquanto guitarrista tocou sobretudo com Filipe Felizardo, Margarida Garcia ou Pedro Sousa. Trabalhou continuadamente com Sei Miguel de 2017 a 2023 (cf ‘road music’ na Clean Feed). Actualmente em formações de Fala Mariam.
Seu Barradas / ritmista natural de São Paulo (Brasil). Formado em percussão por círculos macumbeiros nos anos 60 do século passado. Não sabemos mais.
DAVID MARANHA & RODRIGO AMADO | A 04 de Junho de 2023, a Nariz Entupido em parceria com a Appleton - Associação Cultural, organizou o primeiro concerto de David Maranha & Rodrigo Amado. Passado este ano e num processo bem discutido, editamos em cd ‘wrecks’. Esta edição contém um lindíssimo e apuradíssimo texto do Bernardo Devlin. Descreve na perfeição e exactidão o espírito dos dias e a matéria de que é feita este disco.
For Future Reference (EYES ONLY!)
It was Lisbon, PT in 2024. As everywhere else things were pretty messed-up. The wrecks of a decaying age were there to be seen either by the new gentrified glittering façades under the sunny daylight or, less cynically, under the over-glaring LEDs street lights by night.
And people, could you believe your luck to bear witness of the edgings of a system slipping through the cracks of it's own making? Jokes on EU leaders abounded as Uncle Sam's prophecies tormented somebody's sleep one night and Havana syndrome appeared on the mainstream news. Further in the east things didn't look brilliant either and they were coming closer. North and south, poles were really melting and the Doomsday Clock had ran past it's time. Communications were being shut. What to do?
The reply was global - again, of course. Some managed to keep their teeth sunk on the cake. Some minded their own business. Some (the BIGGEST some of all time) had no business at all to mind above the immediate survival level - a lot went down and a lot went down for no reason at all. Meanwhile, financial profits kept escalating over the top and a few pronounced their theories in the net and some didn't like it so the powers to be took measures. A few others picked their musical instruments and managed to get away with it in quite abstract ways.
Was it some form of code? Was it despair? Was this music the product of a moment in time or was it a manifestation of an eternal undercurrent buzz? So were those in the field players or were they being played? What were they thinking? And who could dare to try and foresee what came next?
But these two were in that field for a long time before through their separate ways. And they've met and produced this piece in Lisbon in that year of 2024. All the rest is speculation. So, where are we now?
Entrada | Livre
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Event Venue & Nearby Stays
Lounge, Rua da Moeda, 1 - Porta O/P,Lisbon, Portugal