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Amado por leitores e admirado por críticos, o romance A Montanha Mágica é frequentemente considerado o opus magnum de Thomas Mann. Independentemente deste juízo, é inegável que a história de Hans Castorp, cujo destino, após uma estadia de sete anos num sanatório alpino, culmina na Primeira Guerra Mundial, se entrelaça com as peripécias da história europeia e mundial no primeiro quartel do século **. O mesmo se poderia dizer sobre o próprio escritor, que, a julgar pelos seus ensaios e cartas entre 1912 e 1924, sofreu uma profunda metamorfose ao escrever a obra. Dito isto, o que tem este romance a dizer-nos hoje, sensivelmente um século após sua publicação?É essa questão, bem como os aspectos históricos, políticos e tecnológicos do romance de Thomas Mann, que João Pedro Cachopo aborda no seu livro recentemente publicado, O Escândalo da Distância: uma leitura d’A Montanha Mágica para o século XXI, com edição da Tinta-da-China. O ponto de partida é uma reflexão sobre as vantagens e os inconvenientes da distância para o pensamento. Será a distância — simbolizada pela montanha — um incentivo à reflexão? Ou será um pretexto para a inacção, a desistência e a cobardia? E qual seria a alternativa? Um retorno aos negócios e às guerras da planície? Em que consiste a boa distância?
Para discutir estas questões e a actualidade do romance, propomos um debate entre João Pedro Cachopo e António Sousa Ribeiro, o autor da mais recente tradução portuguesa do romance, publicada pela Relógio d’Água em 2019.
António Sousa Ribeiro é professor catedrático aposentado da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e investigador do Centro de Estudos Sociais. Ao longo da sua trajetória de docente e investigador, exerceu diversos cargos de direção, tanto na Faculdade de Letras como no CES. Publicou extensamente sobre temas de literatura de expressão alemã (com especial incidência em Karl Kraus e na modernidade vienense), literatura comparada, estudos de cultura, estudos pós-coloniais, estudos de memória e estudos sobre a violência. Dedica-se também à tradução literária, tendo-lhe sido atribuído o Prémio Nacional de Tradução 2017 pela tradução portuguesa d’Os Últimos Dias da Humanidade, de Karl Kraus. Além de Karl Kraus, traduziu, entre outros autores, Walter Benjamin, Bertolt Brecht, Hermann Broch, Jenny Erpenbeck, Rainer Werner Fassbinder Peter Handke, Elfriede Jelinek, Franz Kafka, Robert Musil, Thomas Mann, Friedrich Nietzsche, Arthur Schopenhauer e W.G. Sebald.
João Pedro Cachopo lecciona Filosofia da Música na Universidade Nova de Lisboa, onde é membro do Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical e colaborador do Instituto de Filosofia da Nova. Os seus interesses, em especial nos domínios da musicologia e da filosofia, incluem o impacto da revolução digital na cultura contemporânea, a relação entre as artes e questões de performance e dramaturgia. É o autor de Callas e os Seus Duplos (Sistema Solar, 2023), A Torção dos Sentidos (Sistema Solar, 2020; Elefante, 2021), traduzido para inglês como The Digital Pandemic (Bloomsbury, 2022), e Verdade e Enigma: Ensaio sobre o Pensamento Estético de Adorno (Vendaval, 2013), que recebeu o Prémio do PEN Clube Português na categoria de Primeira Obra em 2014. Entre outras obras, co-editou Rancière and Music (Edinburgh University Press, 2020). Traduziu para português Georges Didi-Huberman, Jacques Rancière e Theodor W. Adorno.
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